Fiquei taaaao, mas tão curiosa para ler as newsletters sobre anotações em livros. Costumo anotar quando são livros para a faculdade, lá se foi o tempo em que sublinhava livros de ficção com frequência.... Passei a ter um receio que é comum a todos, o de estragar o livro. Porém, tal como dizes, rasurar as páginas é darmo-nos a oportunidade de desenvolver as próprias ideias e emoções. Foi experimentar fazê-lo nos próximos livros físicos que ler. Depois partilho contigo ✨
Tenho o mesmo receio e colo tenho muitas edições especiais em que me recuso a escrever por motivos óbvios (perderiam mesmo o valor e sei lá se um dia não preciso de as vender para pôr comida na mesa), a solução que encontrei foram post its transparentes (talvez nas fotografias que partilhei não se perceba mas eu não escrevi nunca em cima do livro mas em cima dos tais post its; nem os sublinhados foram em cima dos livros).
Acho que é uma questão de prática. E de criar o ritual: se te sentares com tudo pronto para apontar e estiveres predisposto a ler com a intenção de conversar com o texto.
Também converso muito com livros. Os meus claro. Deixo a salvo os que me são emprestados e os da biblioteca. Mas é por fases. Também por temas. Normalmente, a não-ficção impele mais o uso do lápis e das anotações nas margens. Mas há ficção que também precisa de uma rabiscadelas. Normalmente fico-me pelo lápis e anotando na primeira página do livro as páginas que sublinhei para depois ser mais fácil ir ter ao que me interessou.
Isso faz muito sentido, das anotações do world-building. Se não for indiscrição, que tipo de coisas anotas neste caso específico? Particularidades do mundo? Espécies diferentes? E porque sentes vontade de as anotar?
Particularidades do mundo mas também nomes (se forem muitos) e faço comentários a determinadas passagens. Tenho de ver se actualizo este post com fotografias das minhas anotações!
Eu era aquele tipo de pessoa que achava um ultraje as pessoas que escreviam e faziam coisas aos livros haha há uns tempos para cá, percebi que é ok. Os livros servem para serem consumidos, devorados, anotados e até é giro depois voltares a pegar no livro e veres o que o teu 'eu' antigo sublinhou, o que achou, o que o marcou mais haha
É raríssimo eu anotar em livros. Normalmente, faço-o como tu em em adolescente, simplesmente com um lápis nas margens dos livros. E só sinto vontade para tal quando a leitura obriga a uma reflexão que se cruza, de alguma forma, com a minha identidade e dúvidas pessoais. Estou-me agora a lembrar do livro Confissões de uma máscara, que foi o último livro onde anotei.
Não sou capaz de escrever em livros (sem ser dedicatórias, claro). Não é que seja demasiado reverente com o objecto. Não me importo de dobrá-lo ou que fique com ar usado, mas conspurcá-lo com as minhas notas, simplesmente não consigo.
Se calhar és um bom candidato a experimentar post its transparentes. Tenho de ver se tiro umas fotografias aos meus apontamentos para partilhar por aqui o potencial da coisa. Mas porque achas que os teus pensamentos iriam conspurcar o livro?
Conspurcar é demasiado forte, mas sempre tive aversão em escrever (directamente) em livros. É daquelas coisas meio inexplicáveis (ou seja, que não sei explicar muito bem).
Olá, Raquel Excelente texto. Sou particularmente adepto da imperfeição, das marcas caóticas do tempo, da natureza ou dos outros. A resposta à última pergunta: É, sim. Marco os livros que leio. E gostava de rabiscar mais. Nem sempre tenho a caneta, nem os marcadores à mão, dado que a minha natureza também é algo arredia da ordem e da auto-organização. Mas a minha maior experiência é escrever os meus poemas de forma contigua nas páginas de livro de poesia que vou lindo. Há mesmo um livro do João Miguel Fernandes Jorge, "À Beira do Mar de Junho" (1982) - o qual incluí também fotografias - onde escrevi um poema meu por cada poema do autor. Um deles, inclusivamente, abriu o meu primeiro livro de poemas: "Fronteira". O poema é um díptico: "Naquele tempo dizia poesia/ ou ausência de paredes". Mas na verdade, tudo o que escrevo, escrevo-o nas "costas das folhas que leio".
Olha, não me orgulho muito mas Amazon. Se encontrasse noutro sítio comprava noutro sítio. Tenho que voltar a confirmar se não vendem na Craftelier (empresa espanhola de arts & crafts).
Para mim, os livros anotados são como diários de leitura! Sempre o fiz!Além disso, sou adepta dos post-it colorido! Quando leio em inglês, e como não conheço o significado de muitas palavras, tenho imensas anotações de palavras traduzidas para não me esquecer!
É engraçado perceber que o que faço agora com os livros, era o que fazia com os cadernos qua do era jovem, mas apenas no primeiro mês de aulas 😅
Até me custa ler se não tiver uma caneta ao lado para sublinhar e comentar 😅 E quando volto a ler adoro rever o que quis destacar e o que lá deixei escrito. Os meus Maias estão cheios de anotações de “indício gráfico!!!!” e emojis artesanais aborrecidos de cada vez que o Dâmaso aparecia.
Engraçado - ainda esta semana estive a ler um artigo no Substack precisamente sobre este assunto, que eu acho fascinante. Normalmente só anoto livros de não-ficção e a pontual ficção especulativa; não deliberadamente, mas são os que mais me chamam para conversar.
Creio que ainda não encontrei o meu "estilo" de anotação, mas a praticidade leva-me quase sempre a usar uma caneta preta e um conjunto de marcadores que também serve de régua e de marcador. Gostava de usar sublinhadores, desenhar, conversar mais com os livros; mas como eu normalmente não leio num só sítio, mas em muitos, limito-me ao que está à mão no momento.
Eu gosto de anotar livros de fantasia que tenham grande world building, é uma maneira também de não me perder na história porque estou em constante interação com o texto.
Que bom saber que existe todo um universo de destruidores de livros! Afinal não tenho um problema. Tens sempre algo interessante para escrever. Parece aquela sensação de quando abrimos a janela na primavera e cheira a ar fresco do campo!
Eu Escrevo em livros mais técnicos e de temas científicos, usos os post-it transparentes em livros sobre os quais vou escrever ou para colocar um reminder para pesquisar mais sobre aquele tema e escrevo em cadernos/journal da Paper Republic ou similar para fazer reflexões mais extensas ou ensaios e crónicas sobre algo que me despertou interesse. Obviamente com canetas de aparo em exagero sempre e um catálogo de tintas absolutamente exagerado.
Além disto escrevo, sublinho e tiro notas no Kobo Libra Colour e no Kindle Scribe por conveniência.
Não me chamaria destruidora de livros, ainda estou longe disso (há até quem diga * cof cof pessoas a quem emprestei livros e que mos devolveram em estados lastimáveis cof cof * que sou demasiado picuinhas com o estado dos meus livros), mas tenho aprendido a deixar o pudor de interagir com o texto, e admiro genuinamente as pessoas que conversam com os seus sem culpa nenhuma. Mas por norma só anoto quando sei que vou adorar ou que o livro trata questões que de facto me desassossegam. Também gosto de ler e anotar só numa segunda leitura, por exemplo.
Fiquei taaaao, mas tão curiosa para ler as newsletters sobre anotações em livros. Costumo anotar quando são livros para a faculdade, lá se foi o tempo em que sublinhava livros de ficção com frequência.... Passei a ter um receio que é comum a todos, o de estragar o livro. Porém, tal como dizes, rasurar as páginas é darmo-nos a oportunidade de desenvolver as próprias ideias e emoções. Foi experimentar fazê-lo nos próximos livros físicos que ler. Depois partilho contigo ✨
Tenho o mesmo receio e colo tenho muitas edições especiais em que me recuso a escrever por motivos óbvios (perderiam mesmo o valor e sei lá se um dia não preciso de as vender para pôr comida na mesa), a solução que encontrei foram post its transparentes (talvez nas fotografias que partilhei não se perceba mas eu não escrevi nunca em cima do livro mas em cima dos tais post its; nem os sublinhados foram em cima dos livros).
Nunca escrevi em nenhum livro. Mas gosto como ficam visualmente 🤓
Nas fotografias talvez não pareça mas eu não escrevi directamente nos livros, escrevi em cima de post its transparentes
Eu percebi ;) também gosto como ficam com os post its transparentes. Mas eu normalmente nem nunca me lembro de escrever nada, e gostava de o fazer
Acho que é uma questão de prática. E de criar o ritual: se te sentares com tudo pronto para apontar e estiveres predisposto a ler com a intenção de conversar com o texto.
Também converso muito com livros. Os meus claro. Deixo a salvo os que me são emprestados e os da biblioteca. Mas é por fases. Também por temas. Normalmente, a não-ficção impele mais o uso do lápis e das anotações nas margens. Mas há ficção que também precisa de uma rabiscadelas. Normalmente fico-me pelo lápis e anotando na primeira página do livro as páginas que sublinhei para depois ser mais fácil ir ter ao que me interessou.
Eu gosto de anotar fantasias com muito worldbuilding e temas que me desassosseguem. Foi por exemplo o caso com Babel!
Isso faz muito sentido, das anotações do world-building. Se não for indiscrição, que tipo de coisas anotas neste caso específico? Particularidades do mundo? Espécies diferentes? E porque sentes vontade de as anotar?
Particularidades do mundo mas também nomes (se forem muitos) e faço comentários a determinadas passagens. Tenho de ver se actualizo este post com fotografias das minhas anotações!
Eu era aquele tipo de pessoa que achava um ultraje as pessoas que escreviam e faziam coisas aos livros haha há uns tempos para cá, percebi que é ok. Os livros servem para serem consumidos, devorados, anotados e até é giro depois voltares a pegar no livro e veres o que o teu 'eu' antigo sublinhou, o que achou, o que o marcou mais haha
É raríssimo eu anotar em livros. Normalmente, faço-o como tu em em adolescente, simplesmente com um lápis nas margens dos livros. E só sinto vontade para tal quando a leitura obriga a uma reflexão que se cruza, de alguma forma, com a minha identidade e dúvidas pessoais. Estou-me agora a lembrar do livro Confissões de uma máscara, que foi o último livro onde anotei.
Obrigada pela partilha. Não conheço o livro de que falas por isso vou pesquisar!
Não sou capaz de escrever em livros (sem ser dedicatórias, claro). Não é que seja demasiado reverente com o objecto. Não me importo de dobrá-lo ou que fique com ar usado, mas conspurcá-lo com as minhas notas, simplesmente não consigo.
Se calhar és um bom candidato a experimentar post its transparentes. Tenho de ver se tiro umas fotografias aos meus apontamentos para partilhar por aqui o potencial da coisa. Mas porque achas que os teus pensamentos iriam conspurcar o livro?
Conspurcar é demasiado forte, mas sempre tive aversão em escrever (directamente) em livros. É daquelas coisas meio inexplicáveis (ou seja, que não sei explicar muito bem).
(Hei-de espreitar essses post-its.)
Eu também não consigo escrever directamente nos livros! Razão porque, lá está, uso os post its de que te falei.
Olá, Raquel Excelente texto. Sou particularmente adepto da imperfeição, das marcas caóticas do tempo, da natureza ou dos outros. A resposta à última pergunta: É, sim. Marco os livros que leio. E gostava de rabiscar mais. Nem sempre tenho a caneta, nem os marcadores à mão, dado que a minha natureza também é algo arredia da ordem e da auto-organização. Mas a minha maior experiência é escrever os meus poemas de forma contigua nas páginas de livro de poesia que vou lindo. Há mesmo um livro do João Miguel Fernandes Jorge, "À Beira do Mar de Junho" (1982) - o qual incluí também fotografias - onde escrevi um poema meu por cada poema do autor. Um deles, inclusivamente, abriu o meu primeiro livro de poemas: "Fronteira". O poema é um díptico: "Naquele tempo dizia poesia/ ou ausência de paredes". Mas na verdade, tudo o que escrevo, escrevo-o nas "costas das folhas que leio".
Obrigada pela partilha Luís, e que bonito, escreveres um poema por cada poema que leste. O teu primeiro livro de poemas está à venda onde?
Poesia Incompleta (Graça)
Snob (Rato)
Tigre de Papel (Rua de Arroios, paralela à Almirante Reis, junto ao Banco de Portugal)
Post it transparentes? Onde?
Olha, não me orgulho muito mas Amazon. Se encontrasse noutro sítio comprava noutro sítio. Tenho que voltar a confirmar se não vendem na Craftelier (empresa espanhola de arts & crafts).
Para mim, os livros anotados são como diários de leitura! Sempre o fiz!Além disso, sou adepta dos post-it colorido! Quando leio em inglês, e como não conheço o significado de muitas palavras, tenho imensas anotações de palavras traduzidas para não me esquecer!
É engraçado perceber que o que faço agora com os livros, era o que fazia com os cadernos qua do era jovem, mas apenas no primeiro mês de aulas 😅
Até me custa ler se não tiver uma caneta ao lado para sublinhar e comentar 😅 E quando volto a ler adoro rever o que quis destacar e o que lá deixei escrito. Os meus Maias estão cheios de anotações de “indício gráfico!!!!” e emojis artesanais aborrecidos de cada vez que o Dâmaso aparecia.
Engraçado - ainda esta semana estive a ler um artigo no Substack precisamente sobre este assunto, que eu acho fascinante. Normalmente só anoto livros de não-ficção e a pontual ficção especulativa; não deliberadamente, mas são os que mais me chamam para conversar.
Creio que ainda não encontrei o meu "estilo" de anotação, mas a praticidade leva-me quase sempre a usar uma caneta preta e um conjunto de marcadores que também serve de régua e de marcador. Gostava de usar sublinhadores, desenhar, conversar mais com os livros; mas como eu normalmente não leio num só sítio, mas em muitos, limito-me ao que está à mão no momento.
Artigo excelente, como sempre :)
Eu gosto de anotar livros de fantasia que tenham grande world building, é uma maneira também de não me perder na história porque estou em constante interação com o texto.
Obrigada Rafaela!
Que bom saber que existe todo um universo de destruidores de livros! Afinal não tenho um problema. Tens sempre algo interessante para escrever. Parece aquela sensação de quando abrimos a janela na primavera e cheira a ar fresco do campo!
Eu Escrevo em livros mais técnicos e de temas científicos, usos os post-it transparentes em livros sobre os quais vou escrever ou para colocar um reminder para pesquisar mais sobre aquele tema e escrevo em cadernos/journal da Paper Republic ou similar para fazer reflexões mais extensas ou ensaios e crónicas sobre algo que me despertou interesse. Obviamente com canetas de aparo em exagero sempre e um catálogo de tintas absolutamente exagerado.
Além disto escrevo, sublinho e tiro notas no Kobo Libra Colour e no Kindle Scribe por conveniência.
Não me chamaria destruidora de livros, ainda estou longe disso (há até quem diga * cof cof pessoas a quem emprestei livros e que mos devolveram em estados lastimáveis cof cof * que sou demasiado picuinhas com o estado dos meus livros), mas tenho aprendido a deixar o pudor de interagir com o texto, e admiro genuinamente as pessoas que conversam com os seus sem culpa nenhuma. Mas por norma só anoto quando sei que vou adorar ou que o livro trata questões que de facto me desassossegam. Também gosto de ler e anotar só numa segunda leitura, por exemplo.